(...) Afinal, " um espetáculo de rua é feito mais de boa conversa do que de números perfeitos" (Carvalho, 1997, p. 84)*, uma vez que, grande mediadora das relações dentro do espetáculo, ela pode determinar seu sucesso ou seu fracasso. É principalmente a partir dela que o ator conquista seu público: um público não pagante, que fica se houver interesse; para quem o ator - tal qual os atores de teatro de revista e dos cabarés - se mostra, faz graça, ironiza, a quem fala diretamente, a quem olha e por que se sabe olhado.
Ele sabe que as pessoas só permanecerão se forem cativadas pela proposta do grupo. Este é, portanto, o momento de lhes desejar "Bom dia", de convidá-las a participar das brincadeiras, de anunciar os fantásticos números que serão apresentados, de cantar, dançar e organizar o material cênico - a toruxa de roupas, bandeiras, máscaras e instrumentos musicais - no recém-formado espaço de trabalho.
O público, por sua vez, a medida que ganha confiança na brincadeira e percebe as possibilidades de participação no jogo que está sendo proposto, se sente à vontade para opinar, participar, respondendo às provocações que são dirigidas, interferindo muitas vezes diretamente no desenvolvimento de alguns números. (...)
Livro Tá Na Rua - Trecho do texto de Ana Carneiro sobre o apresentador-narrador
*Luciana Gonçalves de Carvalho - Os espetáculos de rua do Largo da Carioca
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